Caminhada

Sapatos na nuca
Saia amarrada
Embaraço de fios
passos marcados

Areia nos olhos
Pouca visão
Areia dos dedos
Roçando no chão

Cabelos ao vento
Cabeça no ar
Olhar esquecido
De tanto calar

Longa caminhada
Na areia molhada
Gotas da jornada
Na saia enrugada.

domingo, 4 de outubro de 2009

Saia já da minha vida

Saia já da minha vida, não agüento mais essa agonia que me irrita, me intriga e comove quem me vê!
Será que já não bastam todos os anos de tortura, quando a saia da Benedita na minha cara investia, todo dia sem cessar? E Dolores, quem diria? Agora mãe de família, outro dia a se gabar: Filhos? Marido? Nem pensar!
Vou agora, mudo tudo, do sapato ao sobretudo. Mas a meia furada insiste em molestar. Puxa a unha, faz-se encrave, tudo isso pra irritar!
Chega! Não quero mais! Nem viver nessa surdina, nem trabalho vai chegar. Solto logo essas presilhas, que me prendem ao meu dia. Vou pra guerra, solto o verbo e vão logo me matar!
Morro então sem respirar, nem lembrado vou ficar.
Lua passa sem notar, nem meu túmulo iluminar.
Essa vida, passageira. Nesse trem não vou ficar.
Saio já da minha sina! Tira a saia, Benedita! Que eu quero me esbaldar!

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