Ela olhou para e viu com os dois olhos aquele que já não via há muito. Aquela sombra que a luz da lamparina vermelha desenhava no ladrilho azul, aquele sorriso que fazia seu corpo gemer. E dentro de sua volúpia, relembrou o muito esquecido nos sonhos, dentro da mais profunda vontade.
Ela olhou de novo e como uma miragem, a sombra se fez matéria e no seu coração, deslumbrou a alegria e toda felicidade que existe nos pequenos e brilhantes momentos de chegada, depois de uma longa espera.
Ela olhou por força e sem acreditar, que tudo o que não pudera alcançar em seus pensamentos era verdade, e era realidade, e reclamava dentro, a incomodar.
E nos passos que faltavam morava a eternidade.
Ela andou o eterno e por fim, chegou ao lugar que já tardou chegar e abraçou com garra o sonho e a amarra que prendia e arfava dentro do peito, a tremular. E enfim amou, como nunca antes amou, seu sonho, sua luz. Sua mais pura fantasia era a mais pura realidade.
Se um dia eu pudesse entender o que penso, talvez eu pudesse ser mais feliz.Talvez eu pudesse mostrar aos outros e a mim mesma a vastidão de amor que tenho a dar ao mundo, a todos os que me cercam. Mas não sei... algo dentro de mim é mais forte, me trava, me entorpece, me faz fugir da realidade.
De manhã eu sou luz, sorrio feliz, falo, cantarolo e deixo transparecer a felicidade imensa de ser abençoada por Deus. Mas à tarde já não sou eu, ou talvez essa seja eu. Entristeço, já sem lágrimas. Um aperto toma conta do meu peito, esvaindo minhas forças.
À noite, ando sem rumo, não penso. Parece que nada importa, nem as palavras, nem os sorrisos, nem a tristeza e nem a alegria. E tudo é igual, tudo não importa, tudo é passageiro.Por isso, acho e deixo de achar. Paro de sonhar, paro de falar, paro para pensar em nada, absolutamente nada.E há quem não entenda... Mas de noite não importa mesmo... A noite para mim foi feita para dormir ou para embriagar, mas como não bebo, fico com os lençóis e com o travesseiro.
Ela não dorme, não come, não bebe, mas sonha com a cama, a comida, a bebida e a filha.
Ela não fala, não chora, não expressa o que gosta, mas clama, mas berra e aperta o que gosta.
Ela não entende, não sabe, não quer entender que ela quer viver, quer sonhar, quer beber da fonte que está ali, logo ali, na frente da frente da frente da fronte.
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