Caminhada

Sapatos na nuca
Saia amarrada
Embaraço de fios
passos marcados

Areia nos olhos
Pouca visão
Areia dos dedos
Roçando no chão

Cabelos ao vento
Cabeça no ar
Olhar esquecido
De tanto calar

Longa caminhada
Na areia molhada
Gotas da jornada
Na saia enrugada.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Keilla Rangel, 25 de fevereiro de 2010.

Hoje é seu aniversário, quinze anos já se passaram. Que legal. Você ainda é nova pra caramba e tenho certeza que todo aniversário seu, você tem o desejo que fosse o próximo, pois gostaria de ser mais velha, uns 18 talvez, né? Se negou, mentiu.

Mas não se esqueça que o tempo voa e que daqui alguns anos você sentirá vontade que o tempo regrida.

A vida é assim mesmo, a gente nunca tá contente. Eu não vou te dizer coisas tipo "curta a vida pois a vida é curta", porque eu acho que essa frase não tem muito sentido não. Curtir é uma coisa tão superficial: O que é curtir? Será que não é uma vida louca, sem pensar no amanhã? Não seria querer aproveitar o tempo sem pensar nos outros?

Mas tem uma frase que pelo menos para mim faz muito mais sentido: "Viva a vida". Viver é passar os dias com responsabilidade, alegria, amor, uma família, trabalhar, comer, ter filhos e tantas outras coisas.

Nunca pense: "Eu vou fazer isso, pois eu posso morrer amanhã." Nunca passe um dia como se fosse o último dia da sua vida, porque o mistério da vida está em nosso sentimento de nunca querer morrer.

Keilla Notário Rangel de Aquino, 12 de março de 1991.

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Agora são 9:13h, horário de Brasília, do dia 25 de fevereiro de 2010. Estou sentada em frente ao meu computador pensando nessa amiga tão querida que me acompanha há 22 anos.

Hoje nos vemos pouco, uma ou duas vezes por ano. Quando estamos de viagem, sempre damos um jeitinho de nos encontrar. Sentamos no quarto, falamos besteira, rimos, caminhamos juntas todos os dias enquanto estamos na mesma cidade. Caminhar é nossa hora de falar da vida, trocar figurinhas, conselhos, contar aquelas coisas que até hoje só conseguimos dividir entre nós duas. Isso é algo muito, mas muito especial.

Ás vezes nos damos bronca, ficamos nervosas, mas nunca em nossa convivência conseguimos nos cansar uma da outra. É impressionante, sempre me canso de ficar muito tempo com a maioria das pessoas, mas com a Keilla isso não existe. Posso passar dias ao seu lado sem sequer dizer uma palavra, não faz diferença falar ou não. Me sinto bem, como se a presença dela fosse uma parte de mim. Quando vou à sua casa, me sinto absolutamente em família, sua mãe, seu pai, seus irmãos, tudo faz parte de mim muito profundamente.

Talvez a maior razão dessa amizade ser assim esteja aí em cima, nessa cartinha escrita há 19 anos, mas com uma maturidade ainda inexistente nessa humanidade. A Keilla sempre foi de uma força e inteligência monumental, sempre me ensinou a ser responsável, a caminhar com os pés no chão, apesar de eu ser meio avoada. Mas acho que funcionou, pelo menos eu continuo tentando.

Bom, mas estou escrevendo tudo isso por uma razão, hoje a Keilla, madrinha da minha única filha, amiga inseparável, querida, amada, irmã faz aniversário. Ela nem sabe que vou colocar isso online, mas ela tem total consciência de que tudo o que escrevi aqui é a mais pura verdade. Eu sempre falo pra ela.

Keilla, desejo a você tudo: amor, paixão, alegria, felicidade, filhos, cachorros, amigos, família, responsabilidade, dinheiro, Deus e muita saúde.

Espero que possamos continuar nossa caminhada sempre e não tenho dúvidas que nossa estrada não acaba aqui. Durante toda nossa existência, estaremos juntas, nos fortalecendo e nos ajudando no nosso caminho evolutivo.



Amiga, irmã, te amo, ontem, hoje e sempre.

Feliz aniversário.

Joyce Baena.

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