Caminhada

Sapatos na nuca
Saia amarrada
Embaraço de fios
passos marcados

Areia nos olhos
Pouca visão
Areia dos dedos
Roçando no chão

Cabelos ao vento
Cabeça no ar
Olhar esquecido
De tanto calar

Longa caminhada
Na areia molhada
Gotas da jornada
Na saia enrugada.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

A voz dentro de mim

36 é uma idade estranha e ao mesmo tempo mágica. A gente olha pra frente e vê muita coisa pra fazer, mas já tem uma noção do que deixou pra trás. já começa a enxergar onde errou, onde pode ser arrumado, onde precisa finalizar, onde precisa recomeçar.

As mudanças são sempre dolorosas, mas quando enxergamos melhor, quando nos trabalhamos para entender melhor as questões que envolvem a nossa vida, a piscina começa a ficar mais límpida.

Tenho olhado pra dentro já há alguns anos e começo a enxergar melhor o que quero. Meu alter ainda é muito pequeno, quase imperceptível, mas começa a existir dentro de mim. Isso causa atritos com as pessoas que amo, principalmente com as que sempre ditaram a minha vida. Pela primeira vez, começo a ouvir a minha própria voz.

Ter capacidade racional é fácil, o problema é quando você nunca teve formação emocional e de repente, tem que trabalhar com isso. Dar ouvidos á própria voz que sempre fica lá dentro, gritando baixinho é muito difícil, principalmente quando essa voz ainda é criança, ainda não foi desenvolvida.

Mas é bom saber que ela existe, que ela pode falar, por mais doloroso que seja, por mais que as pessoas ao redor não entendam suas novas atitudes. O maior prêmio é que vc mesmo começa a se entender. Isso realmente não tem preço.

Estou atenta agora, pode falar.